quarta-feira, 24 de junho de 2009

"À Luz da Lanterna"


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(Para Alexandre)




Cegueta num ensaio, Saramago
Na busca por um homem inocente,
Discorre que a barbárie é um emoliente
Que hidrata o amoral e faz estrago.

Eu mesmo, delegado igual Protógenes,
Às custas do exagero, indo à baderna -
Na busca de um honesto tal Diógenes,
Descubro: falta pilha na lanterna.

Perdido no buraco onde a toupeira
Faz casa, faz mansão e faz harém
Com a verba que restou da empreiteira,

Procuro a avestruz que não anda só,
Pra junto rastejar aos pés de alguém
Que toca sax alto em Jericó!!



(F.N.A)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

"Entredentes"



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A esse gênio Rafael Cortez



"Entredentes"



A língua é uma penúria no banguela,
Que o céu da boca estende-se num grito:
"Eu é que não serei novo penico
Pra um palavreado de donzela!"

Do príncipe encanta à Cinderela
O talo da abóbora e não o circo
Da larga carruagem de um milico,
Guiada por dois ratos da Portela.

Assim, palavras soltas de um verso
Na boca de um sujeito incompreendido
Revelam o feedback de um perverso -

Um Jack estripador de Academia,
Que em meio às tripas soltas do Alarido
Descobre os gases nobres da Maria.



(Fredson N. Aguiar)