O "Rabo da Porca" ficará nesse limiar absurdo que só as figurinhas de bastidores e o mais desanimado leitor podem perceber: o ensaísmo pragmático à imbecilidade. São sonetos políticos que refletem a vida num chiqueiro da Fazenda do Manguaço. O que passará, aos nossos olhos lassos e subrepticios, é a bandalheira de uma ação social que acontece entre porcos, mas que poderia ser refletida por nós, neste plano supra-racional. AH! TUDO AQUI É DO TEMPO DE ANTES DESSA IDIOTA REFORMA ORTOGRÁFICA
sábado, 5 de junho de 2010
"Munch"
...Na maioria das vezes, me sinto o personagem desse quadro, onde se desespera a simbiose perfeita entre o que sou e meu estado d´alma...
“Munch”
Uma ponte. Essa é a ponte em que grito terrificado.
As mãos me arrancam da face o horror extremo no pânico –
Grosso prospecto cadáver do desespero, onde grito:
Garganta irritada ateando fogo às cordas vocais.
Quero gritar, mas nenhum som quer se aliar comigo:
Sem diafragma ou alarido acuando cachorros.
O sol sangra o arrebol por trás da minha tesa nuca;
A garganta expele escuridão para um horizonte distante.
Essa é a mortalha cinza e negra igual teus olhos,
Que visto como fosse a malha nevral de tua retina
E, só daí, desse instante, começo a ver os horrores que vês.
Fosse isso, talvez, minha angústia na ponte –
O ensaio da tarde desmaiando no ocaso
E o grito incapaz de impedir que eu morra.
(F.N.A)
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