O "Rabo da Porca" ficará nesse limiar absurdo que só as figurinhas de bastidores e o mais desanimado leitor podem perceber: o ensaísmo pragmático à imbecilidade. São sonetos políticos que refletem a vida num chiqueiro da Fazenda do Manguaço. O que passará, aos nossos olhos lassos e subrepticios, é a bandalheira de uma ação social que acontece entre porcos, mas que poderia ser refletida por nós, neste plano supra-racional. AH! TUDO AQUI É DO TEMPO DE ANTES DESSA IDIOTA REFORMA ORTOGRÁFICA
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
"O Dragão Mecânico"
...Monstros fabulosos desconstroem-se no feitio de suas magias.
...Este foi criado aparvalhado, descomunal, perfumado e... datado.
"O Dragão Mecânico"
Na era industrial, quem logo comerá
De um a um os filhos da bandalha,
Será uma grossa máquina que espalha
Fumaça sem usar carapiá.
Um monstro inane, em roldanas preso,
Batendo asas e cuspindo chama,
O Dragão Tecnicista do Dalai Lama:
Corpo em raça humana; tecnocrata em peso.
Diplomas saltam aos olhos dessa grossa fera,
Não forma-lhe um peão ou companheiro
A estrutura óssea, nem em seu globo a esfera.
Mas formam-lhe anônimos e uns medalhões,
Que na primeira lança de Jorge Guerreiro
Vão se mijar inteiro e arroxear os culhões.
(F.N.A)
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
"Mão de Tarado"
...A mão que afaga é a mesma que apedreja. (Augusto dos Anjos)
"Mão de Tarado"
Cansando com a ordem nas escolhas,
Retiro minha intenção a qualquer merda -
Serei a bunda onde se limpa a cerda
Da escova sanitária em cinco folhas.
Ninguém indica nada, nada indica
No paço complacente entre os peões -
Cabe somente à sua boca rica
A dentadura gorda em comissões.
Não diga-se: "ninguém foi avisado!"
O peso de sua mão é insensato
Sufoco em parte baixa de tarado,
Que aperta nos culhões até que o suco
Da última macheza estoure o fato
E a trolha de um político maluco.
(F.N.A)
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
"Condução Coercitiva"
Ô, Eufemismo pra bandido, pô?
"Condução Coercitiva"
Coercitivamente alguém me impeça
De planejar um atentado pr´esta porra -
Chega! Uma praga furiosa me aferroa:
Mutilar-me num chacal que em coisa dessa.
Mas, não me impeça em odiar cada segundo
Como uma leproso anseia a própria amputação;
Dizer: Maldita seja a escarificação
Que nos tatua a imundície lá no fundo.
Não é POSSÍVEL - e nem me ilustro o dicionário
Com o semantismo que o próprio nome encerra -
Seja POSSÍVEL evoluirmos ao contrário?!
Porque aonde há um cachorro, há um latido
E aonde há mais um ladrão nesta taberna
Surge um juiz, um advogado e um Partido.
(F.N.A)
"Os Homens da Capa Preta"
...Tenório Cavalcante, no trajar, é ficha!!
...Toga, dindin e sacanagem sempre foram irmãs no vício...
"Os Homens da Capa Preta"
A diferença é básica em habitação.
Deduz-se: mora bem quem tem dinheiro -
O mala faz de lar a Vila Cruzeiro;
E o Douto faz por toca uma mansão.
Enfim, tudo é bandido e por que não
Prendê-los numa cela onde o poleiro
Ajunta todo mundo no banheiro
Dormindo e dividindo o mesmo pão?
Nem tente se animar com o moralismo!!
Entenda: há uma alforria no país
Que livra do pecado os sem-batismo!!
E não leva vinte horas de arruaça
A festa de civismo, pois Juiz
Tem foro pra trair como o Calaça.
(F.N.A)
"Fissura no Partido"
...Racha no partido envolve racha, amigo e dor de cotovelo...
...Rico também sofre por amor, só que inda mais pela pensão...
"Fissura no Partido"
Distúrbio entre feições gera um abismo -
Se for no casamento, então, nem diga...
Tome o exemplo da morena rapariga
E do velhaco maridão por prosaísmo.
Feio demais, linda demais - é um mau negócio;
Rico demais, rica demais - Sempre alguém sofre
Na dor que a traição entorta o cofre -
Machuca mais que as dores do divórcio.
Agora, o que não pode é companheiro
Meter pela esquerda, no melado,
Na racha de um partido do terceiro!!
Assim é a condução de um casamento -
O pobre só é fiel porque é obrigado;
O rico quando trai é um passatempo.
(F.N.A)
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
"Elvis no Forevis"
...Pra que cérebro, militância, racionalismo ou it´s now or never??
...Seja um merda, ria das piadas do chefe e puxe muito o saco que o mundo lhe sorrirá.
"Elvis no Forevis"
Quem sabe de jornal como um coelho,
Que muito se entoca quando aperta
A coisa em seu mundinho de boneca,
Não serve de modelo frente ao espelho.
Nem serve pra usar o cerebelo,
Pois causa confusão no movimento -
Se anda, não formula um pensamento;
Se pensa, queima as luzes do cabelo
Engomado, com látex e brilhantina
Comprados numa feira de Las Vegas
No dia em que foi Elvis na latrina.
Pois, mesmo sendo um belo rola-bosta
É o novo Susserano em terras-cegas...
- É desses que Richelieu mais gosta!
(F.N.A)
"Pedra na Geni"
...Rala o tchan e rala a tcheca...
..."Já fomos mais prolixos!", chora a megera apedrejada.
"Pedra na Geni"
Não foi de todo o mal que ela um dia
Foi mais que governanta, foi patroa -
Tinha mansão, amigos e era a Boa
Opção pra se casar, não fosse a azia
De se perder mandato com a Fera;
Daí caiu mansão, sumiu amigo
E o furo na carteira igual seu umbigo
Tornou-a excomungada, má e megera.
Aqueles que cantavam suas obras,
Desafinaram junto com as artes
Ao passo que mordiam-lhe as cobras.
Mas, hoje, com papai em nova alçada,
Não há quem não lhe adore em qualquer parte
Ou ouse lhe punir dando pedrada.
(F.N.A)
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
"My Golden Chainsaw"
...Troféu infeliz ofertado, aquele.
...Coisa de quem não entende que a arte da sobrevivência anula valores e encerra qualquer moralismo - sexual, ecológico, religioso, social.
"My Golden Chainsaw"
Sabiam os quilombolas da Prainha
Que Dona Sinhá Moça enfim seria
Viúva e nada moça na entrelinha;
Custosa, cabra macho e boa Maria.
Mulher que está sozinha ao amor não fala;
Sobreviver sem o par é uma jornada.
Daí ter na boiada da invernada
A fina herança que forrou sua mala.
Subir cada degrau é um processo,
No mundo masculino onde a prosa
Enjaula o olhar menina do Universo.
Por isso é sua alma tão inquieta -
Viúva Negra a que ninguém desposa;
Mulher Inteira que não se completa.
(F.N.A)
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
"Super Toddy"
...Menino criado a Toddy merece contemplar nossas necessidades. Como ninguém, sabe dos problemas sociais, olhando pela janela de sua Ferrari...
"Super Toddy"
A mãe é que é culpada pois melou
Com fécula e chumbinho sua chupeta -
E o gosto nem mudou sua careta,
Porque o leitãozinho viciou.
Cresceu e é esse inútil que hoje vemos -
Falando sem saber sobre política;
Dançando como múmia paralítica,
Nos bailes sertanejos que nós temos.
Foi ontem que fudeu com imaginável -
Dom Pedro que abdica do legado,
Pois sabe: juventude é um naufrágio.
O invejo, igual epilético em pagode -
Tremendo por um pai lá no Senado,
Que houvesse me criado a leite e Toddy.
(F.N.A)
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
"Formigueiro Azul"
...Ex-baleia, ex-batom, ex-carioca sangue bom, ex-banana-federal, ex-otária sem enxoval... Agora a tribufu é chefe!
"Formigueiro Azul"
Depois que o Velho pôs no formigueiro
Uma saúva anã de outra colônia,
Eu disse: "Mas, ói que catzo sem-vergonha!
Envenenou a rainha por primeiro."
"Meteu-lhe uma saúva bem nutrida
Da pele bem vermelha e cara inchada.
Enfim, Ele estrepou com essa danada -
Fudeu com Educação sua ferida."
E não é que essa Rainha rebaixada,
Sem posto na coroa e sem espécie,
Está de volta à sanha e animada??
O posto de Rainha entre as Colméias,
Ganhou do Lobisomem em "dá-ou-desce"
Na liga em que preside outras tetéias.
(F.N.A)
"Meu Querido Donatello"
...O que é que anda cinco kms, pára um pouquinho, descansa um pouquinho??
Minha caranga envenenada, mui envenenada, ora bolas!
"Meu Querido Donatello"
Meu carro, já nem falo, pois escuta -
Bichinho imprevisível e bem danado,
Consegue magoar-se na labuta
E muito mais bem quando está cansado.
Lhe falta um parafuso como o dono;
As molas são pra si pernas de pau;
Um olho do farol enxerga mal
E o outro, quando acende, está com sono.
Nem fale! Quando eu vou a Taquaralto,
Precisa sete dias de reparo
E olha que andou só no asfalto?!?!
E eu, um jornalista sem trocado,
Prossigo em meu carango pois é caro
Fingir de carro novo, pendurado.
(F.N.A)
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
"Um Estranho no Ninho"
...I´m the Kiwi Master!
"Um Estranho no Ninho"
Por muitos, muitos anos nesta casa,
Eu, hoje, já nem sei aonde é a porta
Que enxote-me daqui ferindo a asa
Da mosca que eu fui e hoje é morta.
Se antes, os corredores eram imensos;
Agora, é pouco quarto a tanta estrela.
E o mofo que aspergia o ar com incensos,
Sumiu. Mansão impossível descrevê-la.
Quem tinha a ditador o novo patrão,
As bençãos do poder tem por primeiro
Aos cães que lhe beijavam a mão.
E eu sinto uma vergonha, de mansinho,
Por ser um pinto velho sem poleiro,
Servido como frango a passarinho.
(F.N.A)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
"Um Índio"
...A aldeia rende voto? Índio pra Associação, ora.
...Mas, isso foi até ontem.
"Um Índio"
Um índio é só um índio, pois, contudo,
Aos pares de seu cargo em eleição
Consegue ser tratado em distinção,
Pois é mais que prefeito - é um bicho mudo.
Mas ele é só um guerreiro botocudo
E não vale assumir Associação
(Valia até bem antes da eleição),
Pois pode envergonhar: não tem estudo.
Na urna, em que votou com seus caciques,
Seu voto foi igual a tantos votos -
Suado, empenhado e sem trambiques...
Agora, que o cacique-rei ganhou,
O pobre do Aritana é só um devoto -
Não come mais à mesa em que sentou.
(F.N.A)
"Comensal Come Sal"
...Tá com fome? A partilha explode como um bolo recheado de vento...
"Comensal Come Sal"
Ei, tu, idiota que te fazes de conta
Por defensor de Capitão no arraial,
Pois cuide de plantar no teu quintal
Um vendaval que te entorte a ponta!
Recheie tua boroca com cuidado,
Pois não será aqui tua morada!
Melhor pegar, enfim, uma nova estrada
E algo que apague teu passado.
Palavra de Doutor não vale nada!
Nem vale compromisso, muito menos,
Cantiga de sereia na enseada...
E dê-se satisfeito com tua herança,
Pois és do que tem sorte em comer feno
Na mesa, após a sobra das crianças.
(F.N.A)
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