
...Minha saudade me leva a igarapés que bebi quando ainda eu era um índio sem tapera...
...Dedico este soneto ao poeta e amigo de versos, Luiz Martins.
"Memória de Cabano"
Dizia Claudia, e já vão lá uns tantos anos,
Que "dói no peito uma dor que não é pouca."
Sabia disso enamorado em sua voz rouca,
Quando crescia a juventude de meus danos.
Não levo mesmo muita coisa - só os ciganos
Jeitos de vida em minha vida sempre louca.
Deixar dizer tudo o que penso noutra boca
Seria amar com menos sonhos mais enganos.
Prefiro eu mesmo, eu gritar meu eu cabano
- Caboclo manso que o Pará pariu na terra -
Que muito erra, além da serra, o rio estranho
Que leva as dores de existir como um direito
De renegar essa semente onde a guerra
Desfez o índio que eu fui dentro do peito.
(F.N.A)
3 comentários:
Caríssimo. Gratíssimo. Sonetíssimo.
Gratíssimo. Não é todo dia que a gente amanhece com um soneto em homenagem.
Aceite com muita alegria o apreço humilde, professor. Fico honrado.
E vamos sonetar! Criar. Construir idéias.
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