sábado, 20 de março de 2010

"Balancete"


...Política é verdade matemática. Ex: X, Y, B no repasse de A, B, C conforme a variante R, Z, T dá a equação P.Q.P...


“Balancete”


I


As contas que somei, zeraram exatas,
Mas minha mulher, num ábaco, atestou:
“- Erraste cinco dígitos, Amor!
Com a sobra hás de comprar uma ciabatta!”

Mas, meu irmão checando, não absorve
Os cálculos refeitos e da abcissa,
Que aprendeu com a freira, após a missa,
Nos diz: “- Melhor tirar prova dos nove!”

Um novo resultado surge e alguém
Do Tribunal de Contas bate à porta
E toma os balancetes num harém

De velhas pitagóricas a somar...
Um número político é forma morta
Difícil de entender e de contar!


II


Desdobram os combalidos numismatas,
Em coleções de verba, a contagem
E assustam-se com o fundo da bagagem –
Furado cofre velho de mamatas.

Entenda-se o princípio: é geometria
E menos matemática exata.
Um maço de verdinha em nota fria
Triplica seu volume em negociata,

Pois chega urrando amorfo no tesouro;
E, do maço auditado num convênio,
A lavagem o transforma em um cubo d´ouro.

Daí, a necessidade de um balanço
Forjado pela lâmpada do gênio
E com visto judicial que dá descanso.


III


E não sabe-se quem faz conta melhor!
Um político, um auditor e um advogado,
Sensíveis aos compromissos de um estado,
Toparam aferir um pão maior.

A receita fermentada com aditivos
Aos olhos da estratégia fazendária
Sumia, quando alguém passava o crivo,
Em notas de empresas societárias.

Fechados numa sala com um milhão,
Nem mal a auditoria iniciaram
E um raio armou, num poste, um apagão.

Na volta da energia, a conta feita:
Não tinha um só centavo que auditaram
E ninguém a quem tacar qualquer suspeita.


(F.N.A)

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