sábado, 20 de março de 2010

"Novembro"



...Da minha infância, fragmentos da cidade em que cresci...



...De madrugada, o som da selva atravessa a aldeia e vibrava no ar, deixando tudo envolto numa dormência esquisita...




“Novembro”


Na casa onde morei meus breves anos
Da infância, uma casinha pau a pique,
Corria no meu sangue de cacique
O sangue da aldeia e seus ciganos.

A cama era encostada na janela
E, dela, a velha bica trespassava –
No dia em que chovia, eu me banhava
E, por ali, fugia até a cancela.

A aldeia desmaiava e eu ia junto.
E, à hora em que Altamira desmaiava,
Nas ruas do povoado, seus defuntos

Gemiam um som etéreo que eu me lembro –
Um velho crepitar de vela ardia
No sono dos finados, em novembro.


(F.N.A)

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