quinta-feira, 11 de março de 2010

"Balística"



...Falta pouco pra apoteose de um miserável!!





“Balística”



I


Ok! Vamos direto aos finalmentes...
Estou a um passo breve para o vício
E a tentação feliz pra meu suplício
Sentir todos projéteis deste pente.

O cromo, o chumbo e o olhar dos penitentes
Da mira num gatilho a ferro armado,
Bailando em meus dedinhos de finado
E me despedindo triste dos parentes.

Cansado de correr a gritar nos postes
Com fios de alta tensão em minhas cáries
Lambendo meu sorriso às pentecostes.

Não dou mais altivez ao que me sobra –
Meu corpo a esmaecer no céu de Áries
Inoculando angústia igual uma cobra.


II


Como os detritos de uma massa acinzentada,
Que escapuliram com os ratos da Febem,
Eu vou manchar minha quitinete à madrugada
Randomicamente igual pintou Kurt Cobain.

Alguém me note, alguém me dê sua vaga mão,
Palavra, ódio, xingamento ou entorpecente,
Como a enfermeira dá veneno a um doente
E o empregado dá o cú a seu patrão.

Mas não me deixem apodrecer, aqui, sozinho!
Não deixem agora, que meu encefalograma
Mapeou meu crânio com repulsa e carinho!

Pois nele há súplicas perdidas e caladas,
Idéias vagas que colhi à flor da lama...
Não, não me deixem ir assim sem dizer nada!


(F.N.A)

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