O "Rabo da Porca" ficará nesse limiar absurdo que só as figurinhas de bastidores e o mais desanimado leitor podem perceber: o ensaísmo pragmático à imbecilidade. São sonetos políticos que refletem a vida num chiqueiro da Fazenda do Manguaço. O que passará, aos nossos olhos lassos e subrepticios, é a bandalheira de uma ação social que acontece entre porcos, mas que poderia ser refletida por nós, neste plano supra-racional. AH! TUDO AQUI É DO TEMPO DE ANTES DESSA IDIOTA REFORMA ORTOGRÁFICA
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
"Nam Myoho Rengue Kyo"
...A energia emana e rege o Universo ou o Universo rege a energia que emana??
“Nam Myoho Rengue Kyo”
O universo está ligado à tua alma
E tua alma à luz polar do vaga-lume
E essa cadeia natural, enfim, resume
Que somos todos energia em água calma.
Nos diz no Lótus, Sakyamuni, “o infinito
Estende mais compreensão que a matéria,
Porque transpõe em força máxima, no grito,
A explosão do Nam Myoho à alma etérea.
Energizar o próprio carma é impor a ordem,
De que o sopro das estrelas no esqueleto
Cria constelações de astros quando pode;
E essa força em Nitiren está criada,
Pois o universo é a pedra fina do amuleto
Que se assenta em nossa voz, Torre Dourada.
(F.N.A)
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
"Radiografia de um Alcázar"
"Todos amam o poder, mesmo que não saibam o que fazer com ele."
(Benjamin Disraeli)
"Radiografia de um Alcázar"
I
“O Fosso”
Transpor o imenso fosso em sua distância
Levou mais que mil anos de ameaça,
E foi fugindo, como um cão ao redor da praça,
Que o latido assustou velho e criança.
E toda lama está encorpada em ganância
E isso impede que se cruze essa bagaça,
Mas todo fosso sabe bem de sua carcaça:
Um poço fundo, bem maior que a ignorância.
Aquela vala que se dista do castelo
A meia légua da alameda do Reinado
É a piscina que de mandatos faz farelo -
Tanto a quem cruza para dentro do portão,
Como quem sai na porta afora ao ser tocado
Com um grosso chute pela bunda à prestação.
II
“A Paliçada”
Depois do nado entre cobras e caranguejos,
Surge a segunda fonte armada que protege
O encouraçado que à tarde luze o bege
E que ameaça com fofoca a cor do queijo,
Que alguém traga com o intuito de adoçar
O griz sabor do susserano em suas tardes –
A paliçada dos vassalos espeta e arde
No couro incauto se o ciúme lhe roçar.
Três guardiões apontam a estaca contra o peito
De quem é orêia, sem mandato ou é eleito,
Do resplendor que o velocino de Medéia
Causa em clarão aos olhos fartos de Jasão –
Pois eles temem ver escapar de suas mãos
A glória morta do Orfeu das Alcatéias.
III
“A Ponte”
Mas se aos cães que velam as portas do castelo
Jogares carne amaciada de escravos,
Provavelmente, entre lírio e entre cravos,
Um vira-lata há de te ofertar o rastelo
Com que as folhas, junto à ponte, varrerás.
É quando a porta que transpõe ao Califado
Abre as cancelas e estremecem o Cão Zangado
Que dorme adiante sobre um trono azul e lilás.
É dele que próprio Cérbero se amedronta –
Ele quem rege as contas magras, rarefeitas,
Igual um osso em que se rói até a ponta.
Domar a fera, em seu habitat, em sua cova
É assegurar passagem breve nas espreitas
De um corredor que o levará à Casa Nova...
IV
“A Cozinha”
...Mas, antes mesmo que o Deus tu observes
De cara limpa feito um amargo arlequim,
Que se esqueceu do pó na cara e o ar chinfrim,
É na cozinha que tua boca irá às vermes,
Pois um melado te enfiam goela abaixo
Pra que a cruz da escravatura seja eterna
E ao te lembrares do engenho, dobre a perna
Para rezar como escravos cabisbaixos,
Que se ofertam em doação à idolatria;
Que não reclamam do terçado ou da enxada;
Porque sua lida é padecer na agonia.
Duro é sentir o retrogosto que incomoda,
Após o doce repartir a língua aguada
E se dar conta: diabetes tá na moda.
V
“A Masmorra”
Quando na escada, a subir ao chão real,
É das paredes que se ouve um grito longe –
São as memórias da Masmorra do Ideal
Que lembram as carnes imoladas de um monge.
Em cada rastro de camada e em cada tinta,
Há um versinho ou elogio que se entoa
Entre a mobília, entre esquadros, entre a cinta
Com que se curte o couro ruim de gente boa.
No passo a passo que o degrau levar o sapato,
Não te assustes se das matas ao redor
Ouvires gritos de um capitão do mato –
São de fantasmas que inda penam a sofrer,
Pois, até hoje, pagam o ódio do feitor
E se agonizam em se humilhar pra receber.
VI
“A Corte”
Aquela corte que era extensa, hoje, tem mofo
Nas axilas, casacões, jóias, vestidos;
Até o ranço de um bolchevique tem mais juízo
Pois só matou os Romanov com o estofo
Do que merecem os nobres condes sem condado,
A fidalguia sem almoço há muitos anos,
Como os Barões de carro usado, igual ciganos,
E as baronesas em tafetás ruins de brocados
Chega a doer o cheiro de naftalina;
E perante as células do olfato, a etiqueta
Já se alojou em goles fracos de creolina;
Mas toda corte é sempre corte, independente
Que a monarquia esteja morta ou na sarjeta -
Sempre haverá quem se orgulhe de patente.
VII
“Os Bobos”
Após transpor todas as fases do Alcazar,
Se se descobre-se no olhar palaciano,
Que há muitos bobos espalhados nos pianos,
Nas almofadas e nas jias no alguidar;
São bobos que se aprazem em se torcer
Para que os olhos do senhor lhes apiedem
Com uma graça ou um dinheiro quando pedem,
Soltando risos até não mais poder.
Nas horas vagas, arlequins e pierrôs,
Lavam escadas, trocam calhas entupidas
Nos afazeres provinciais que seu mentor
Lhes orienta a cumprir sem lamentar –
E assim penando a inoperância de suas vidas,
Os bobos seguem contorcendo-se a chorar.
VIII
“O Principado”
Diz que há uma disputa pelas jóias da Coroa,
Que se transcende em duas novas dinastias –
Uma legítima, que se diz a de primazia;
Outra bastarda, que o sangue raro côa
A atenção do nobre Rei aos pretendentes –
Que sob a égide do lobo bom de rastro
Concentra as rédeas do tufão sobre o alabastro
Dos que amotinam e dos que são incompetentes...
Cada um valete move as peças do Xadrez
Conforme as damas se enciúmem do Senhor
E cada um se predispõe a ser freguês
E é candidato por linhagem ao bastião
Por um Império que afaga no penhor
De sustentar a Realeza e a Tradição.
IX
“O Rei”
Enquanto o mundo se acerca da nobreza,
O rei vislumbra só o futuro de seu fado –
Que seja herói, inesquecível e eternizado,
Assim espera no altar de sua grandeza;
Se lhe avizinha, em borbotões, a Luz do Trono,
E enquanto os ares se transpõem à estratosfera,
Ele acalma uma a uma as suas feras
Com imersões de água gelada que dão Sono.
Édipo rei, Jasão, Davi, Herodes Antipas
Ninguém lhe toma os sonhos breves do futuro,
Mas o futuro incerto é como nó nas tripas –
Que afoga os rastros do alívio em dor incerta.
E é nessa casa, entre grades e entre muros,
Que a Ilusão encontra, sempre, a porta aberta
(F.N.A)
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
"Paz no Morro"
...Imagine a cena da convivência pacífica: em que palanque Perucão irá subir? E a missão... Pedir votos pra um, agredindo o outro e vice-versa?!?!...
...Nessa, nem missão da ONU dará jeito!
“Paz no Morro”
O pacto está selado e em cada lado
Da cerca nas pocilgas das fazendas,
A ordem é conviver na Paz do Estado
E esquecer aquelas velhas diferenças.
Pra siglas, que na história da Nação,
Aliaram bandidagem com o prazer,
Pergunto: Como a polícia irá prender
Pelos palanques do país tanto ladrão?
Aqui, já até imagino a Paz Aziaga –
De um lado, um integrante de quadrilha;
Do outro, um que anseia sua vaga...
Será um festival de cenas acachapantes –
Como se o Rio e sua Elite dessem pilha
À boa convivência entre traficantes?
(F.N.A)
"A Volta do Caramuru"
...Dizer que nada te interessa, não convence. Sei o que queres, Mon Petit Prince.
“A Volta do Caramuru”
Nobre senhor do clã zangado dos tatus,
Que faz das penas do cocar de seu paxá,
No caldo amargo como é o taperebá,
A grossa papa com que come carurus –
Tu que abusas do favor dos orixás
E que inda sonhas reencarnar Caramuru,
Não vês que a ordem do governo é dar angu
A inimigos, como tu, dos Guajarás?!?!
Porque a quimera de Peri te é distante,
Como a fibra de cacique em tuas veias
E a cantiga do teu fado sibilante –
Talvez nem voltes a cantar neste reizado,
Se quem tu escoras a larga costa na aldeia
Te ajudar com aquele abraço de afogados.
(F.N.A)
"A Turma do Piolho"
...Lamber, sorver, babar e dar coceiras em ovos graúdos são metas na Vida de muitos...
...Pior é dono de saco que gosta...
“A Turma do Piolho”
Se uma pulga pelo saco já incomoda,
Dirá três chatos no saco de um velho –
Mas no ranço que desdobro minha foda,
Arranco esses piolhos e inda os pentelho:
Desdobro-lhes, ferino, o meu asco
Com rastros de descaso ou deltacid
E falta pouco para a espada de El Cid
Servir na ceifa desses puxa-sacos.
Confesso. Conviver com parasita
É um exercício quando alguém se anula –
Um Superman ante a Cryptonita...
Mas o que assusta é o dono do culhão -
Sentir a coceira de quem lhe adula
E se aprazer com tanta comichão?
(F.N.A)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
"Os 4 Cavaleiros do Apocalipse"
...Começa com disputa de sigla, vai pra comando de partido e de repente... Tão de volta!
“Os 4 Cavaleiros do Apocalipse”
Na sanha em que João descreve o ocaso
De nossa humanidade em dor futura,
Eu posso afirmar que esse atraso
Esta se avizinhando na estrutura.
São quatro os cavaleiros desse fado
E cada um detém suas próprias chagas –
Daqueles que chegaram a ser extirpados
Àqueles que aditaram obras pagas.
Pois nem surgiu o breu no horizonte,
Os quatro surgem unidos, galopando,
Na busca de uma onça, atrás do monte;
E o custo da caçada em nossa serra
É a volta de espectros assombrando
Os eleitores ruins de nossa terra.
(F.N.A)
"A Roda dos Órfãos"
“...Bem vindos, órfãos da Putaria! Esta é vossa casa!”
“A Roda dos Órfãos”
Adão não teve Eva, mas foi Lilith
Pés de Coruja sua primeira esposa,
Que se fingia de cruel raposa,
Mãe dos abortos e alado limite;
De todos que matou, Lamech foi primeiro
Dos assassinos nesta grossa esfera,
Que era cego e asno das quimeras
E que sumiu no rastro de seu cheiro;
E mesmo Judas, o amargo traidor,
Que o Rabino deu às mãos dos porcos
Urdiu enforcado como um pecador;
Mas, no cercado, a cepa de inimigos
À custa dos amigos que são mortos
Ganham comida, água, pão e abrigo.
(F.N.A)
"Navio Fantasma"
“...Àqueles de minha memória antiga, todos que me fugiram, qualquer dia nos encontraremos nesta vida...”
“Navio Fantasma”
Ainda ontem procurei qualquer B.O
Ou qualquer pena homicida em minha vida,
Porque só isso explicaria essa cantiga
Que ainda pago em preconceito de arigó;
Não há emprego e muito menos há amigo
Que se aventure em contratar alguém marcado –
Por que a pecha tatuada ao assinalado
Me deu a grata condição de ser inimigo
De quem roubou e fez misérias no cercado
E que ainda dá as cartas, compra lábios
Silenciados pelo medo no condado.
Assim vivendo a parcos ganhos, vou seguindo -
Um navegante sem ter bússola e astrolábio
Atrás de sonhos que de mim me vão partindo.
(F.N.A)
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
"Tábua de Pirulito"
...Xingou até a mãe do cara em discurso e ganhou o quê?
...Show matutino...
“Tábua de Pirulito”
Vou me escolar em bandidagem no canteiro,
Subir em palanque e desandar o xingamento,
Chamar alguém de irresponsável xexelento
E associar, ao pó do pó, algum parceiro;
Depois farei um curso básico em aditivo,
Bebendo tudo – diesel, álcool e gasolina,
Sei lá se a fórmula alterada é a vacina,
Mas quero a cura pra meu pau radioativo;
Muito adiante quero ir para os palanques,
Chorar, mentir, beijar menino catarrento
E me entregar às alianças, não aos tanques;
Pois só aqui vale-se o dito por não dito –
Que, em suruba, quem tem cú ganha um jumento
Pra lhe furar que nem tábua de pirulito.
(F.N.A)
"Acelera, Rubinho..."
...Acelera o quê, Cara Pálida?
...Se não vier grana de fora, bancarrota será tua sina. Quero ver é até onde tu vais assumir rombo dos outros em nome de composição futura...
...Cristo, que alguém me torture...
“Acelera, Rubinho...”
Cães, não entendam que este grito voluntário
Se se ressente porque hoje come merda.
Só o que peço é que me enxuguem com a cerda
Com que se limpa algum vaso sanitário;
Que o meu langor e toda a minha euforia
Que escrevem versos sem sequer mudar o mundo,
Sejam extirpados como morre um ser rotundo
Quando em bacilos de outras feras se sacia;
Ou minha língua e meus doces olhos mortos
Sejam enfiados em espetos com cebolas
E bem assados sirvam pra alimentar porcos;
Me punam em tudo o que houver de extraordinário,
Só não me peçam pra ouvir notícias tolas
Que não aceleram. Bem pior, marcham ao contrário.
(F.N.A)
"Água no Chopp"
...Esta vai para uma porquinha bem loura e sua turma de sectários, adoradores de futricar a vida alheia...
“Água no Chopp”
I
Queria muito que alguém me apontasse
Quem tem direitos sobre a vida de terceiros,
Pois nesta terra há umas bestas nos canteiros
A apontar dedos manchados para a classe
Que não comunga com casais de faz-de-conta
Ou mesmo lares entupidos de aparência,
Porque na terra do cercado a indecência
É a coisa certa; e o contrário é o que amedronta.
Pago o que faço sem remorsos ou clamores,
Engulo riscos afrontando o bom-mocismo
Que rege o mundo dos fingidos delatores;
Mais antes tudo que não seja o fingimento,
Sou um maluco que não dá-se a priapismo
Correndo atrás de umas freirinhas de convento.
II
Eu já levei comigo a pecha de arrogante,
De inescrupuloso amante e ou bandido,
Mas o que fiz foi arrancar de meu umbigo
Aquele vírus que conforma o diletante -
Não faço como os boas-praças em seus vícios
Que ainda escondem toda a tara em seus tabus,
Como quem dá a mulher de prêmio num rebu,
Pra se tornar chefe de estado ou de hospícios.
Como não chupo ou dou a bunda ou faço votos
Pra que o cabaço de uma virgem da alta roda
Me valha apostas com amigos ignotos,
Sigo adiante na função de bom otário
Que por ser pobre em pistolão, sabe de foda
Só quando alguém quer me carcar atrás do armário.
III
E pobre, bronco, sem elite ou pedigree
Não vale o mínimo esforço em ser aceito
Na academia que montou algum prefeito
Ou no bazar de um abonado grão-vizir;
Não me aperreio, mesmo quando passo fome
Como agora, novamente, estou passando;
Só que um estômago vazio tem mais nome
Que uma carteira com as notas estourando;
Enfim, entendo que ser ruim e futriqueiro
É o que dizem que o Cercado, hoje, é -
Terra de puta, de ladrão e maconheiro;
Casa de ratos que expulsam os locatários,
Lar de favores sexuais, aonde a fé
Virou negócio de fieis e mercenários.
(F.N.A)
"A Ordem do Dragão"
...Eita! Agora é que a coisa vai ficar boa! (Bob Esponja)
“A Ordem do Dragão”
Agora a tal da aliança é quase certa
No mundo e submundo do cercado –
Há legiões de bate-paus, advogados
E bons aspones com uma fome incerta...
Nem digo os Maias ao olhar 2012
Temendo a Terra a dar giros ao contrário,
Mas o silêncio com que abate-se o templário
É de o sagrado extirpar a linha de Rose...
Enfim, os arranjos que a muito se avizinham
São os arranjos que acodem neste mangue
As legiões de outros seres que cozinham
Seus muitos planos de conquista deste mundo,
Como os fieis que entupiam-se de sangue
Seguindo a ordem do dragão de Segismundo.
(F.N.A)
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
"Anti-Cristo do Cerrado"
...Puxa-saco não leva ferro nesta vida - se nao vira laranja, vira presidente de empresa, referendado com aval estúpido do dono...
"Anti-Cristo do Cerrado"
Alguém que conheci comendo um ovário
Na casa em que sangrei fazendo aborto,
Surgiu feito um cavalo natimorto
Galgando no cerrado ao contrário -
Compôs, fez acordão e, hoje, é arisco
Senhor de comissão a mil porcento;
E muito do mocismo papa-vento
Que tinha, desandou feito um corisco.
Na corte engole o choro dos amigos
No sangue de umas virgens acanhadas
Que lavam Lady Bathory no abrigo.
E às vistas do patrão, posa de santo -
É o Cristo Inverso em causas depravadas
Que ateia combustão pondo quebranto.
(F.N.A)
terça-feira, 17 de novembro de 2009
“Casa da Mãe Joana”
...Construir não é preciso; Alugar sem pagar, sim, é preciso...
...Mas o que fazer? Casa sem dono vira cortiço de mascate!
“Casa da Mãe Joana”
Eu vivo de aluguel há tantos anos,
Que muitas casas próprias já comprei
Com os custos que arquei no fim do mês
Igual quem dá dinheiro pra ciganos;
Agora, vejo a lapa do imposto
Que muito desandei a dar forçado,
Parar, numa cobiça neste estado,
Na casa oficial que nem tem posto.
Entre os dez milhões no comodato
Com as custas do Jardins da Babilônia,
O cloro da cascata sai barato;
Até mesmo um sem-teto oficial,
Como eu, o Arrideu da Macedônia,
Me oferto a ser inquilino da estatal.
(F.N.A)
"Galopeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..."
...É do bico do Tucano que grunhem uns porquinhos contrariados. Só, hoje, é que descobriram quem é essa peça...
"Galopeiraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa..."
Dos cantos e rincões deste chiqueiro,
Murmuram uns porquinhos descontentes
E fazem-nos chegar por entre os dentes
Grunhidos contra o Capo fazendeiro.
Não querem Galopeira em nota alta,
Nem mesmo seu cantor pelo partido
A dar suas mancadas em bom sonido,
Como se fosse o sinhozinho Malta.
Careca, que se diz bom de oratória
Naquilo que promete e nunca paga,
Até em prefeitura mete a espora;
Melhor que tu te escondas num chapéu,
Pois porcos, bem revoltos, jogam praga
Que acerta até o cú do coronel.
(F.N.A)
"Barrados na Disneylândia"
...O Circo está montando e os palhaços, seguindo com o andamento do espetáculo, anunciam: Periculum! Advocatus Magoatus, Banditus Est!
“Barrados na Disneylândia”
A cena é bem dantesca e a alegoria
De um grupo de bandidos escolados,
Até faz enjoar os advogados
Que um dia já roubaram sacristia;
A chapa mandatária vem sem aviso
E tenta disputar guerra de nervos
Fingindo influências entre os cervos
Na arte secular do improviso.
Tão certos de ganhar com tanto apoio,
A porta pela cara ganham agora
De quem lhes entoou incerto aboio...
Sorrisos amarelos em tantos dentes
Voltando para casa sem a escora
- Retrato de uma gangue incompetente.
(F.N.A)
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
"Bandido na Faixa"
...um acusa o outro; outro acusa um. O bom de bandido escolado é seu dever comum de contribuir com o próprio bolso.
...Mas o que ganham os cães com essa briga dos senhores do tráfico... de influência??
“Bandido na Faixa”
A faixa da discórdia é um breve arromba;
Pois o pleito de bandidos é um breve circo,
Igual reunião de prédio entre milicos –
Não sabe-se quem estourou aquela bomba.
É duro lembrar Cícero ou um jurista
Que possa destrinchar quais interesses
Habitam uma Ordem, aonde as reses
Lhes valem em mais moral às suas vistas.
Mais querem em sua tragédia de influências,
Tornar-se o Richelieu que irá beijar
As mãos do mandatário em conivência,
Na força do teatro em que encenam,
Fingindo proteger e não roubar
O cofre das sentenças com que acenam.
(F.N.A)
"77%"
...Estudante bem nutrido não sabe o que é trabalho. Ora, o papai paga mensalidade, cachaça e a camisinha para as noites na República...
...Mas essa raça, quando mais se precisa deles, é domesticada que nem integrante de União de Estudantes – conforme lhe financie o patrão, bate continência e até elabora manifesto...
“77%”
Aluno que desanda a dar as caras
Que nem os pintadinhos do Brasil,
Que um dia foram cães em um covil
E, hoje, silenciam as próprias taras,
Desanda a reclamar que nem marica
Reclama do esmalte e até do gloss –
Enfim, a classe de estúpidos caicós
Somente berra, faz beicinho e agita;
Na hora que se precisa de um cão desses,
Pra ir bater na cara de bandido
Que rouba no congresso há muitos meses,
A boa maioria foge pra baderna,
E o resto dos magotes mais fedidos
Engole umas cachaças na taberna.
(F.N.A)
"Descrença"
...Não acredito mais nesta bagaça!
...Canso a cada dia que contemplo este Cercado.
...Definitivamente, não dá pra acreditar neste chão...
“Descrença”
Eu muito me assusto, hoje em dia,
Com trinta e cinco anos bem sofridos –
De tudo que já vi e senti aos ouvidos,
Ainda acordo com as dores da atrofia,
Que se aloja abaixo do meu fraco crânio,
Em curtos bem nervosos de uma nevralgia -
É a massa inconsciente do meu ar de estranho
Chupando a palidez da minha casca fria.
O estado em que vegeto é este dejeto,
Que a raça dos insetos e dos vermífugos
Contempla com favores de amor-objeto;
Não sei se há veneno pro meu fado,
Mas sei que há poucos anos pra o Incubus
Descer o pau nas costas deste Estado.
(F.N.A)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
"Conselho de Pentelhos"
...Eles não são piolho chato, mas DST´s (Dirigentes Societários do Tesouro) preparados pra mais um golpe...
“Conselho de Pentelhos”
Não basta um saco escrotal pra essa falange
Mamar dengosa igual tarado no For Man;
Sabem os segredos de chupar do ovo à glande,
Como um bedel que vaza as provas do Enem.
Agora querem ter conselho; e ser pentelho
É um ofício necessário pra bandido –
Veja o Político... ele muda de partido,
Como a anoréxica repudia o olhar do espelho.
E essa unidade iconoclasta mais vendida
Do que as putas da Gran Via, em Madrid,
Pode vender seus candidatos por comida...
Corre o perigo de venderem até a chapa
Que o Vaticano ainda sonha em construir
Na eleição que vai escolher um novo papa.
(F.N.A)
terça-feira, 10 de novembro de 2009
"Exorcismo Carismático"
...Só no cercado da fazenda é que orações seguem a linha da cabeça conivente: vale perdão, caso o nefasto penitente se arrependa ou nos contrate algum parente...
...Nuremberg pode ter dado a sentença, mas só nós cuidamos de nossos nazistas com carinho em Movimentos Sem Carisma!
“Exorcismo Carismático”
As trinta velas desse rito ainda acesas,
Quando vapores de enxofre encobrem o ar...
Entra no templo, a livre acesso, entre cabeças
A besta fera, em sua magreza, a caminhar
A um altar, onde as beatas mais francesas
Que na fogueira ardem às brasas a cantar
Como Joana, guerreando bar em bar,
Dando o perdão nesse exorcismo de princesa.
Por três milênios é que o Reich deveria
Seguir na força que há na águia do estandarte,
Mas o Universo à força má a contraria;
Menos aqui, aonde estende-se o perdão
A quem vicia, rouba, mata e faz da arte
Do preconceito a forma de ganhar seu pão.
(F.N.A)
"Cabide Pra Nazista"
...Vaticano, tremei! Repatriaram a nazista!!!
...Padres, melhor arrumarem as malas!!!!
“Cabide pra Nazista”
A coisa no cercado não se explica
À ótica comum de um bom zarôio:
Guilherme Tell teria arrancado um olho,
Se o alvo fosse este Estado de Maricas,
Pois não há mira que engane o ôi da pica,
Porque é cegueta como cíclope de estado;
Eu, muitas vezes, ando aqui desconfiado,
Quando a bondade de um cão se quantifica.
Neste cercado, vale surdo, cego e mudo;
Ganha dinheiro secretário pornstar;
Compra fiado, o caloteiro sem estudo;
Recebe afago em cargo público quem chuta
Cara de padre e que enxota Gripe A,
Como um pastor que toma às mãos o Kamasutra.
(F.N.A)
"O Homem Que Virou Suco"
...O fato é que o verde de seu sangue é mui vermelho e ninguém lhe toma à Maldição do Escaravelho...
...E se fosse pra tolerar algum dândi, preferiria o Dorian Gray – tinha a mesma vaidade, só que menos diletante e com mais conteúdo...
“O Homem Que Virou Suco”
A gomalina no cabelo desse ator,
Engrossa o pouco de moral que ele sustenta.
Mas sua capa intoxicada de placenta
Sugere um feto mal nutrido no sabor.
Dolce Playboy, que nem à morte chora a mãe,
Entende, ele, de mocismo como entende
Daqueles traços do pó branco que o transcende
No vaga-lume que luziu a fugir dos cães.
Perdeu a chance de ser ímpar em sua causa,
Porque não esconde seus desejos de apedeuta:
Dinheiro fácil, pai, irmão e andropausa...
E na simbiose de suas lágrimas tranqüilas,
O metamorfo se desdobra de Hermeneuta
A ser só um suco natural de clorofila.
(F.N.A)
"Bobó de Jornalista"
...No Estado da Liberdade Vigiada, rega-bofe vale até ameaça...
“Bobó de Jornalista”
A corte que sustenta o olhar autônomo
Às contas, muda o rastro de seu faro –
Melhor chupar o silabar do abecedário
Nessa cartilha de ladrões e de gnomos.
Daí, um jornalista (em seu corpo de caniço),
Decide ao rega-bofe por recheio
Nas notas que escreve com centeio
Envenenado a desnudar o meritíssimo.
E como sempre funciona o Judiciário,
Aquele ferro com que imocha e faz ferida
Só acha couro de ingênuo ou proletário –
E assim impondo a Liberdade dos Fascistas
À nossa Imprensa, o rega-bofe do diário
Trará receitas de Bobó de Jornalista.
(F.N.A)
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
"Quando a Ilegalidade é Legal!"
...Mas vai provar o quê, cara pálida? A quem? Legalidade de quê?
...Vai enganar trouxa em outro terreiro, Cara de Gabiroba!
“Quando a Ilegalidade é Legal”
O inspetor, estando às portas do chiqueiro,
Fazendo sua checagem sanitária,
Desanda um questionário ao fazendeiro
E pergunta amenidades societárias.
“A prova é irrefutável e o aditamento
Da obra do cercado até o curral,
Sumiu!! Então me diga: há cabimento
Na putaria?” E velho diz: “foi tão legal!”
“Legal? Então pergunto ao cabedal
Da ordem que à tribuna é mau passivo,
Que achas?" "Como disse... é tão legal!”
"Legal? Queres dizer em honestidade?"
"Ingênuo Inspetor, meu lar lascivo
É maquiar, no roubo, a Boa Vontade!"
(F.N.A)
"Peroba & Amnésia"
Graças à amnésia, um senil construiu sua própria Yakuza!
Apostilamento? Aditamento? Esquecimento? Fingimento!
“Peroba & Amnésia”
A senilidade aliada à descompostura
Afetou não só neurônios famulentos
De um bicho acostumado a ser jumento
E que coices deu na vida com fartura.
Então dizer, “não desviei apostilamento”,
É suplantar nosso mioma com a candura
De quem enfia pelo crânio um mau ungüento
Feito com ranço, muita urina e ditadura.
O esquecimento, tal Alzheimer, é esse dano
Que se acometem os ladrões e os vigaristas
Quando ocupam uma cadeira muitos anos;
Eu mesmo entendo de amnésia - É a peroba
Que esse verme andou passando pelas tripas
E que lhe causou a cara ruim de Gabiroba.
(F.N.A)
sábado, 7 de novembro de 2009
"O Vasco é o Time da Virada!"
"Comando Vermelho"
...Bionicamente, a aberração não disse e nem dirá a que veio!
...Mas, o quê esperar de um rei ilegítimo?
“Comando Vermelho”
Tudo como dantes no quartel de Abrantes!
A ordem no chiqueiro é manter a desordem –
À vista do gracejo, pra que não acordem
Justiça e Olho Público, eles roubam antes;
Demitem e recontratam, trocam de refil,
Conforme a validade da criogenia
Esquente uma cabeça decepada e fria
Numa sujeira onde não há Bombril.
Gaguejo quando entendo a lógica do Morro –
Não há droga de menos em baile funk,
Nem chefe a quem se vá pedir socorro.
Assim este comando entoa às suas brujas –
Que vale o esquema que não tolde o tanque
De um governo que usa roupas sujas.
(F.N.A)
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
"Os Braços de Shiva"
...Sujeito – que não usa capa preta, não é deputado e nem anda com metralhadora a tiracolo - cobra do Estado seu poder de fogo...
...Que indenização, que nada – quer mesmo é a cota dos honorários no bolso. Mouco, finge não conhecer como funciona o Estado de Hobbes...
“Os Braços de Shiva”
Os Poderes se dividem uns a uns –
Iguais braços de Shiva, bem armados.
Cabe à Justiça conceber o ideal dos estados
À luz da equivalência Lei aos Comuns;
O bem Legislativo até que deveria,
À ótica das leis que, enfim, transformam,
Mudar o inconcebível a uns que olham
A base popular com olhar de enguia;
Já o Executivo, é quem mais dá atraso
De todos os poderes, pois desfaz
A força que há nos dois não ao acaso...
Desdenha, ri, caçoa e, enfim, modela
A ordem de um juiz, conforme faz
De uns vinte deputados, mortadela.
(F.N.A)
"Bunda Outdoor S.A"
...a prova para o crime é inconteste, mas quem toma das Leis às mãos encontra suavidades em tudo...
“Bunda Out-Door S.A”
As cortes não se entendem e me pergunto:
Quem faz jurisprudência exata e incoercível?
Pode um juiz dizer que um crime é impunível
E numa corte além alguém mudar o assunto?
Bem tanto pode, como ficam mal aparadas
As relações de ordem entre os juízes –
Se um diz: Jesus sangrou em dias infelizes;
O outro diz: sofreu por uma causa errada.
Pontos de vista ou duas visões de um crime
Da propaganda em ônibus (e isso é foda!)
Mudam de ar como se faz um regime;
Aqui, pra se ir em cana ou pegar multa,
Só falta, pra escrachar a coisa toda,
Tatuar na bunda a cara do filho da puta.
(F.N.A)
terça-feira, 3 de novembro de 2009
"Boi de Piranha"
.
...O boi não percebe que é nada mais do que sério pré-candidato a dente de piranha. Só isso...
...Ouve canto de sereia e pula na água, bravamente – morrerá, como mouco, ante os olhos de quem é bom de nado e finge não saber dar braçada...
“Boi de Piranha”
Jagunço que não teve o próprio gado,
Deslumbra com o rebanho do vizinho.
Um dia, deu-se a conduzir sozinho
As bestas mais vaidosas do cercado.
Seguia com destino a outra cerca,
Mas só que havia um rio pela frente –
Contou bem a manada dente a dente...
“Melhor sacrificar, pra que não perca
O resto desses caros bois de raça,
Um boi que seja gordo e venha de graça
Servir, a estas piranhas, de linguiça!”
“Escolho dos meus pares o mais peludo.
Que seja doce ao rio mais que tudo,
Porque já era desde antes minha carniça!”...
(F.N.A)
"Dr. Lao & os Monstros"
...Virá à Fazenda? Não se sabe. Mas que o custo da peroba frutificará em suas hábeis mãos, entre rugas e pelancas, isso vai.
...O duro será atender Vips na Clínica de Custódia!!
“Dr. Lao & os Monstros”
Pra um mestre de disfarce, o Hosmany,
Não passa nem ao pé do Doutor Lao –
E ainda se aqui vier cumprir
A pena carcerária... ah, vai dar pau!
A Islândia, entre o frio e a cortesia,
Ainda é um paraíso, sendo gelo;
Mas, cá, que seca o óleo do cabelo,
Cozinha-se na cela um jabuti
Bem dentro de sua casca atrás da grade,
Somente com calor e nhaca pura.
Pois digo: Hosmany, é neste balde,
Que monstros estão nas ruas, sem alarde,
Vestindo o que é amoral como armadura...
...E plástica caseira é a que mais arde!!
(F.N.A)
"Leitãozinho Highlander"
.
... É, pois é. Não basta ser imortal, tem de se perpetuar; deixar mau cheiro onde passa.
...Canfurina não mata o tipo de porco, que defende tudo que seja governo – seja débil, seja tirano, seja frouxo ou carcamano...
“Leitãozinho Highlander”
Ninguém sabe do contrato que sustenta
O Rondomé na lista dos abastados –
Rola-se o dedo no diário de estado
E nada sabe-se de sua força benta,
Que rende lucros e lhe faz vizir,
Em tópicos clementes a quem paga;
Mas é possível falar mal se a praga
Da verba em sua conta não cair.
Enfim, desde a fazenda construída,
Os porcos se alternaram entre fiambre,
Torresmo, lombo e carne embutida;
Só este porco desconhece o sangradouro,
Pois vive manso – sai governo, entra governo –
Na estratégia de salvar o próprio couro.
(F.N.A)
domingo, 1 de novembro de 2009
"Universidade da Negativa Universal"
...primeiro xinga quem tem foro, depois vira vítima quem sempre foi carrasco.
...No fim, todos preferem um bom bode – seja em churrasco ou expiatório...
“Universidade da Negativa Universal”
A coisa é a legítima autoria
De quem descredencia ou é nababo –
Não só Jesus cumpriu a profecia
Como esganou a língua do diabo.
E me fará pior apontar dedo
A quem não agüenta o próprio rito:
Veja São Pedro, um negador convicto,
Mentiu três vezes porque teve medo.
Acusa ou mais dedura ou dá desculpa;
Ninguém assume a grossa bandalheira
E o bode vai balindo sem ter culpa.
Entendo magnatas e seus segredos -
Pode a polícia vir lhes dar canseira.
Melhor fugir, enquanto ainda é cedo!
(F.N.A)
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