O "Rabo da Porca" ficará nesse limiar absurdo que só as figurinhas de bastidores e o mais desanimado leitor podem perceber: o ensaísmo pragmático à imbecilidade. São sonetos políticos que refletem a vida num chiqueiro da Fazenda do Manguaço. O que passará, aos nossos olhos lassos e subrepticios, é a bandalheira de uma ação social que acontece entre porcos, mas que poderia ser refletida por nós, neste plano supra-racional. AH! TUDO AQUI É DO TEMPO DE ANTES DESSA IDIOTA REFORMA ORTOGRÁFICA
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
"Água no Chopp"
...Esta vai para uma porquinha bem loura e sua turma de sectários, adoradores de futricar a vida alheia...
“Água no Chopp”
I
Queria muito que alguém me apontasse
Quem tem direitos sobre a vida de terceiros,
Pois nesta terra há umas bestas nos canteiros
A apontar dedos manchados para a classe
Que não comunga com casais de faz-de-conta
Ou mesmo lares entupidos de aparência,
Porque na terra do cercado a indecência
É a coisa certa; e o contrário é o que amedronta.
Pago o que faço sem remorsos ou clamores,
Engulo riscos afrontando o bom-mocismo
Que rege o mundo dos fingidos delatores;
Mais antes tudo que não seja o fingimento,
Sou um maluco que não dá-se a priapismo
Correndo atrás de umas freirinhas de convento.
II
Eu já levei comigo a pecha de arrogante,
De inescrupuloso amante e ou bandido,
Mas o que fiz foi arrancar de meu umbigo
Aquele vírus que conforma o diletante -
Não faço como os boas-praças em seus vícios
Que ainda escondem toda a tara em seus tabus,
Como quem dá a mulher de prêmio num rebu,
Pra se tornar chefe de estado ou de hospícios.
Como não chupo ou dou a bunda ou faço votos
Pra que o cabaço de uma virgem da alta roda
Me valha apostas com amigos ignotos,
Sigo adiante na função de bom otário
Que por ser pobre em pistolão, sabe de foda
Só quando alguém quer me carcar atrás do armário.
III
E pobre, bronco, sem elite ou pedigree
Não vale o mínimo esforço em ser aceito
Na academia que montou algum prefeito
Ou no bazar de um abonado grão-vizir;
Não me aperreio, mesmo quando passo fome
Como agora, novamente, estou passando;
Só que um estômago vazio tem mais nome
Que uma carteira com as notas estourando;
Enfim, entendo que ser ruim e futriqueiro
É o que dizem que o Cercado, hoje, é -
Terra de puta, de ladrão e maconheiro;
Casa de ratos que expulsam os locatários,
Lar de favores sexuais, aonde a fé
Virou negócio de fieis e mercenários.
(F.N.A)
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