O "Rabo da Porca" ficará nesse limiar absurdo que só as figurinhas de bastidores e o mais desanimado leitor podem perceber: o ensaísmo pragmático à imbecilidade. São sonetos políticos que refletem a vida num chiqueiro da Fazenda do Manguaço. O que passará, aos nossos olhos lassos e subrepticios, é a bandalheira de uma ação social que acontece entre porcos, mas que poderia ser refletida por nós, neste plano supra-racional. AH! TUDO AQUI É DO TEMPO DE ANTES DESSA IDIOTA REFORMA ORTOGRÁFICA
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
"Badalo"
Momento "registros de uma infância assombrada".
Se pudesse traduzi-los sem enigmas, anos sombrios de minha vida...
"Badalo"
I
Tu falas em sino e lembro
Dos sinos da minha terra -
Sino que estala na serra
O aço a forjar dezembro.
No Sino da Catedral,
A voz trinando entre ferro -
Badalo que fere a berro
A boca aberta e oval.
Sino que puxa missa
E quando tem casamento
Repica logo em notícia.
Mas, sino que não socorre
Qual lágrima ao pensamento
Na vila, quando alguém morre.
II
Sangrando o mês de janeiro
Os vultos que ninguém via
No quarto em que me nutria
Do ar infestado ao cheiro
De lírio e formol intenso
E nas coisas que me herdavam.
- Ah, muitos dos que voltavam
Cobravam-me reza e incenso.
Meu pai que nunca dormia
Em casa, quando raiava
O sol despregando o dia,
Rezava contra o torpor
Da noite que me encharcava
De insônia, suor e pavor.
(F.N.A)
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