terça-feira, 8 de novembro de 2011

"Aritana"





...Quem controla chefe de índio? chefe de gabinete? chefe baba-ovo de patrão?

...Ninguém controla o cabelo sorvetinho da Vilela.





"Aritana"


Teu cabelo, Aritana, quem cortou a cuia?
Quem te fez o chefe desse escritório
Na selva de pedra? Quem te fez notório
Comprador de briga? Quem te fez tapuia?

Pelo que eu saiba, índio não se arvora
Em casca de galho, porque não sustenta
Peso de macaco e lá sustenta a venta
De quem cheira saco de patrão, agora?!

Pobre Aritana, entenda a geringonça:
Que caititu que anda fora do bando
Vira em dois tapas comida de onça.

Olha, a política é uma selva escura -
Índio valente que anda só fobando,
Morre (e não vê!) nas mãos da criatura.


(F.N.A)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

"Trevo"



...A noite é fria, a calma é mansa, o cigarro é um desconector; a alma é leve...

...Ninguém alimenta sonhos que não vingam, nem vingam-se...





"Trevo"


Ei, tu que ainda à noite te conectas
E traga o fumo, enquanto lês o que escrevo,
Saibas que o sonho é o pior do trevo
De quatro folhas sempre insurretas.

Ei, tu que sabias todos meus segredos,
Que bebe a serra e o rancho em que o moinho
Amanhecia o vale e aquecia o ninho
De um chalé sagrado em teus dedos.

Tu que choras ainda, acorda agora!
Eu chorei como tu e sei que a vida
É o instante perdido mundo afora.

Tu que sabes das coisas que eu digo:
Ainda ontem, o adeus sem tua partida...
Ainda hoje, o perigo como abrigo.


(F.N.A)

"Altamira"





Altamira não é a cidade em que nasci, mas a que vivi.

Agora, já completando 100 anos, Altamira estala a lembrança sepulta.



"Altamira"


Cem anos não constroem-se em três dias;
Nem a província desconstrói-se em cem anos.
- Altamira, eu quis também mudar meus planos,
Fugir de ti, singrar o espaço... Algum dia

Quem sabe eu volte à Castilho, ao quintal
Da casa de meus pais... o abacateiro,
A velha caixa d´água e o olhar matreiro
Às roupas da vizinha no varal.

Eu que sabia em ti a própria solidão,
Quando cantava uma canção e a viola
Cantava o sopro da saudade de um verão,

Quando eu fora só um estranho aventureiro,
No universo em que teus bairros foram a escola
Da contramão. E, natural, fui o primeiro.


(F.N.A)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Janjão"


Livrai-nos Deus da radiação de Fukushima, mas liguem o reator que eu quero entender.

Herói nacional de país altaneiro em desenvolvimento, lutando aguerrido no front pela esperança financeira da partilha entre estados já é demais, não é não?!

Vamos nos dotar de consciência crítica ao menos no último neurônio, por favor.




"Janjão"


Janjão não pode, pois Janjão é filho
De preta pobre. Resta-me a fotótica
Que faz espelho em voto de uma ótica
Sobre a política de líder sem brilho.

Janjão queria, pois Janjão tem brilho,
(Brilho e dinheiro!) e uma coisa ótima -
Um bom partido e toda coisa exótica
Que alimenta ou serve de empecilho.

Janjão não vai! Não vai Janjão, não vai!
Janjão não gosta de aviãozinho
Sobre oceano. Vai que ele cai?

Além do mais tem o país inteiro
Que não aguenta sem seu canarinho
Janjão. Janjão... eu simples brasileiro.


(F.N.A)