segunda-feira, 24 de setembro de 2012

"O Sabor da Carne"

Intoxicado do gene selvagem, o sangue ao prato engordura os sulcos de dentes domesticados: moedor de carne é este mundo... “O Sabor da Carne” Cutelo em que a discórdia as vísceras maltrata No mercado da autópsia a fome do sistema, O açougueiro a frieza de sua ação extrema Deixa um rastro de Deus no ofício que mata. Dia a dia a distender nos músculos precisos O fio de desapego ao gume de sua faca, Ele, o duro papel que sua emoção descarta, Cede à gula ancestral de outros seres vivos. E quanto mais abata e mais separe os flancos, A imensidão dos glóbulos inunda o mangue Da condição humana em seu avental tão branco Mundo intenso a beber aos bicos destes odres, Não lhe basta nutrir o manancial de sangue... Essa fome o que é entre teus dentes podres? (F.N.A)