sábado, 29 de agosto de 2009

"Bang Bang na Ilha" - da Série DEPOIMENTOS







...Bang bang!! A fome da onça fez sumir o delator!! Ninguém matou, mas um morreu!!







“Bang Bang na Ilha”


Eu lembro de um filme de Spaghetti
Western, que assisti a comer goulash:
Van Cleef, Eastwood e Eli wallach
Em luta num oeste igual o agreste.

Dinheiro que movia uma procura
Movia também ira, ódio e avareza,
Que o trato de obter a parca usura
Levava-se a matar com mais proeza.

Dinheiro. Aonde há ninguém mais sabe
Do custo que a disputa em coisa errada
Mais força-se a matar quem não lhe cabe.

Mesmo dinheiro que matou um azarado,
Que foi melar esquema em pasta educada
E lhe enterraram numa ilha do estado.


(F.N.A)

“Pista Sinuosa”


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...E a morte o carregou feito um pacote no seu manto! (Belchior)








“Pista Sinuosa”



Dentro do carro a cem por hora (oh, meu amor!)
Só tenho agora o carinho do motor.

Nem lembro mais da seta incerta à direita
Que se tomou neste Landau de cor suspeita.

O contra-senso que me faz pensar em quem some
Como Belchior, me pega em apego às “Paralelas”
De um governo que sumiu e hoje tem nome –
Último faísca que estourou o cabo das velas.

Não sei a direita ou a esquerda que virá,
Nem se indireta (forma avessa de direta)
A gasolina adulterada irá engasgar

Esse motor de engrenagem enferrujada.
O que me assusta é estar perdido na floresta
Porque pegamos, por querer, a estrada errada.


(F.N.A)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"O Dicionário dos Sonhos"








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...Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos! (“Vandalismo” - Augusto dos Anjos)







“O Dicionário dos Sonhos”


Cem anos de dormência em sono virgem,
A bela adormecida tinha, ao menos,
Promessa de madrinha fada (acenos)
Do príncipe que daria-lhe vertigem.

Nem Freud decifrou, em fichário inteiro,
Nos sonhos que agoniavam pacientes,
O rastro abstrato, mas presente –
Só acorda quem tentou dormir primeiro.

O duro despertar em quem está no coma
Da ausência do poder causa remela,
Olho seco, catarata e glaucoma.

Eu mesmo sei de um cego que se encrustra
Na ostra, entre paredes de donzela,
Pois teme acordar, senão se assusta.


(F.N.A)

“Nau à Deriva” – da Série DEPOIMENTOS







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...Não há laptop que disfarce esse bug do milênio!








“Nau à Deriva”


Lembremos, cidadão, de tuas promessas
Fingidas, mas calcadas em milagres:
Seguias procissão, limpava as testas,
A enfermo davas água, não vinagre.

Fechastes com cartéis as parcerias
De fashion mall a caos universitário
A milhas de distância do plenário
No tempo em que eleito pretendias

A volta a duro custo, igual MacGyver,
Fazendo, de uma bolsa e uma pastilha,
O escafandro pra usar de scuba diver.

Pois naufragastes nosso educandário
E nos deixaste presos na escotilha.
Muito obrigado! Os UniversOtários.


(F.N.A)

"Hipoteca Vencida"




...Pra quem conheceu isso aqui, não pode reconhecer!






“Hipoteca Vencida”


No tempo em que a fazenda tinha dono,
A vara era nutrida no chiqueiro,
A rês só dava leite num canteiro
E a engorda era restrita e dava sono.

Não tinha bezerrão a correr no campo,
Nem velho de ceroula na fazenda
Da estrutura infra entre a contenda
Nas contas de Tapuia igual sarampo.

A messe era mais farta, o estio ameno,
Sobrava, da estação, fruta e verdura
E o corpo de trabalho andava pleno;

Mas, o velho... o botaram pra correr.
Sobrou-nos só uma Casa sem fartura...
- Ê, Fudetins... Quem te viu, quem te vê!!


(F.N.A)

"Novelo no Covil"


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Gargamel nem brinca mais, pois já cansou de ver Cruel se enrolar com novelo muito grande e perigoso!! Um novelo feito em aldeia indígena, decerto...







“Novelo no Covil”


O gato desfia num rolo atrás da pia
- novelo emaranhado em fundo trágico -
A unhada, tapa e nunca desconfia:
A bola que enfrenta é cubo mágico.

Do tanto que rolou na casa inteira,
Buscando o fio da ponta no novelo,
O bicho ficou doido igual um camelo
Que planta, no deserto, bananeira.

Alguém achou o novelo que dois gatos
Idosos esconderam num covil
Usado pela dupla com seis ratos.

Pois vai rodar igual barata tonta
Atrás da ponta suja desse fio
Que é esquisito porque não tem ponta.


(F.N.A)

"Diario de um Desempregado" - Dia 1


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...surpreendendo as moscas, causo asco até em minhas células!!





“Diário de um Desempregado”


(Dia 01)

São nove da manhã e eu coço a bunda.
Preparo o corpo mole pra um salto
Da cama tubular que achei no mato,
Mas falta direção e a merda afunda.

Não vão nem cinco dias em que fui morto –
Perdendo a identidade que eu fingia
Pra um sopro de miséria e riso torto
Que vai inundar agora ao meio-dia.

Eu rio quando entendo o jornalismo –
É faz-de-conta posto em mãos erradas:
Estória que descamba ao populismo.

Mas sei do novo emprego que almejo –
Quieto Ser que está em salas lotadas
Nas telas de um mural – o percevejo.

(F.N.A)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"O Pai da Antimatéria" - da Série DEPOIMENTOS



...Padre Quevedo até quebraria o próprio dedo se listasse os espectros que estão mais do que presentes em folhas de pagamento na fazenda do Manguaço.





“O Pai da Antimatéria”


Foi graças a este homem que a matéria
Dos seres ressurretos foi ao nirvana.
Foi ele quem lotou numa semana,
Os cargos de governo pra platéia;

Transpôs a linha tênue dos dois mundos,
Dos vivos e dos mortos como Dante,
Que foi ao inferno vislumbrar a estante
Que abarca os pobres cães do submundo.

Em assunto de emprego à antimatéria,
Ninguém mais canetou como este anjo
No arrolo de espectros à alcatéia -

Amigos que, hoje, mais lhe têm apego,
Pois ele deu sentença, em fino arranjo,
De que fantasma tem direito a emprego.


...Valeu, Marshmallow!!!



(Gasparzinho & Família)

"O XI Mandamento"


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...Reza o 2º mandamento: Não pronunciarás o nome de Deus em vão!
Como o Direito e as Leis se adéquam a novos tempos, decide-se: Aquele que citar Yaveh, em falsidade ideológica, cometerá pecado advertido por novo mandamento: o décimo primeiro.


(Art. 33, § 2, Código Penal Celestial Atualizado)


“XI”


“- Os séculos são outros e aqui da Jesusfera,
Do patamar supremo em que arranjo mundos,
Cansei de perceber, em sons que são oriundos
Das ondas radiofônicas do planeta Terra,

Meu nome utilizado em choro de políticos -
Sermões de candidatos que atestam o feito
De ter comigo um acordo que transcende o mítico
Contrato registrado em cartório suspeito”.

“Pois, chega! Ontem, mesmo, um estúpido barrão,
Em jingle na internet, disse que lhe aprovo
Todo o trabalho feito. E Eu nem pus a mão!”

“Decreto: Agora, não citará qualquer nababo
Meu nome em vão e na corte, quem citar de novo,
Será réu num processo em que o promotor é o diabo”.


(F.N.A)

"Olhar 43" - da Série DEPOIMENTOS


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...Espada Justiceira dê-me a visão de longo alcance! Estamos para virar o Hubble com tanta lente na cara!!










“Olhar 43”


Na porta da igreja, estava; e meu cachorro
Comigo ladeava o coro aos esmolários:
“- Dinheiro! Poderiam nos prestar socorro?"
Espírito bem pobres, ranços societários.

Pedia, em mais um dia descompromissado...
Foi quando um alvoroço irrompeu na aldeia –
O som dos caminhões, um palco foi montado
À custa de diárias a uns cinqüenta ôreias;

Tomei de uma marmita; alguém cortou cabelo
Da venta do cachorro, quando me tacaram
Um óculos na cara e lá nem tinha espelho;

Mais me pediram voto, que meu grau usado...
E eu nem lhes procurei dizer que vacilaram,
Mas agradeço muito. Cego Aderaldo.


(F.N.A)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

"Thank You, Marshmallow!"


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...Ser mouco virou moda. Diz-se que a Esperança Venceu o Medo... Pois é o contrário: O medo é que teve medo das esperanças que foram pretendidas - igual boa intenção num inferno cheio!!





“Obrigado, Marshmallow!!”


Fazer tudo de novo, a Dorothy de Oz,
Quer ter, de legado em vida, corrupção ativa.
Pior - usando o nome do Senhor na altiva
Malemolência de pecar por todos nós.

Não sei mais onde anda a tal Vergonha
Na cara que, entre bigodes, tinham homens sérios??
No mínimo repousa em algum fúnebre cemitério,
Paralisada pela baba da turma da peçonha.

Enfim, já imagino a corja agradecida
Postando-lhe homenagens à força de contrato,
Iguais saudosos filhos de licitação perdida.

- Bandidos do Chiqueiro, alteiem a louvação
A quem cumpriu a meta de ser mouco e rato
E foi traíra igual Dalila de Sansão!!


(F.N.A)


P.S – No cumprimento da obrigação com este panteão popular de comoção pública, publicaremos, diariamente, as mensagens de motivação e apoio de sindicatos e categorias da Fazenda do Manguaço.

"Açougue Regional do Inferno"


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...Nosso Kingdom Hospital do Terror Gratuito não é série, mas faz
vítimas em séries no chiqueiro moderno. Ora, açougue é o lar final
para todo admirável gado novo!!




“Açougue Regional do Inferno”


Saúde de macaco é à base de banana
E nessa força exata – não o alimento –
É que o chiqueiro pôs ainda a chupar cana
Os bacurins doentes em tubo de ungüento.

Mas falta cama, comida, agulha e enfermeiro...
Como se diz humanizar, se a mãe humanizada
Do Mouco enfartado não sonha dar entrada
Em hospital infecto (melhor do que seu cheiro)?

Eu peço, caso a dor em minha perna manca
Desdobre contorções e cãibras nas varizes:
Me joguem no caixão, direto e sem consulta,

Porque é melhor morrer em leito que desanca
Em corredor lotado nas alas das matrizes
Hospitalares de um inferno que insulta.


(F.N.A)

"As Reinações do Narizinho"


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...Parece refrão de Bicho de Sete Cabeças, pois não tem coração que
esqueça, nem há cristão que mereça, nem animal que suporte carga maior
que essa – aonde tem um puxa-saco, melhor entregar os pontos. Eles
sempre ganham!!!






“As Reinações do Narizinho”


Meu bom Sr. Nariz, a merda é o teu cheiro,
Que encrua rapinagem, igual num louco Doge
Que empesteou Veneza em escalas sound forge
E chefe sem cabeça virou Marino Faliero.

Tua cantiga de esgoto ronca os canos
Dessa morada que, hoje, escoas com jeitinho –
Tapa nas costas, muito riso e um cafezinho,
Cigarro dado, muita viagem e poucos danos.

Não penso te encontrar a boiar, num ovo,
Na fossa ou na latrina de um escritório...
Qualquer guarita velha em que estiver, de novo,

De guarda, jornalista ou de forte apache,
Pois basta de me esconder na pia ou mictório
No meio dos dejetos pra que não me aches.


(F.N.A)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

"Amizade Fiel"


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...Povo não é amigo de ninguém, Seu Mouco!





“Amizade Fiel”


“O povo está comigo e isso me importa!

Melhor que decisão ou ato que me puna!”

A frase mais correta pra que, enfim, resuma:

O mouco está sozinho em sua causa morta!


E povo sabe lá o que é apoio a morto –

Importa é o minguado pão e leite de uma cesta

Ou uma onça alegre a passear no horto

De sua carteira seca de eleitor bem besta.


Agora, o rei que é morto, já será esquecido,

Igual esquete bobo de um cavanhaque portenho

Em jornalão comprado e muito corrompido.


Ao menos, ainda contará essa marmota,

Com uns dois puxa-sacos, enquanto eu não tenho

Amigos e ou jornal pra aguentar a derrota.


(F.N.A)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

“Ábaco pra Otário”


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...É muito fácil enganar otário! Por Cristo, como eu me surpreendo com essas bestas que aceitam isso!!!




“Ábaco pra Otário”


Sovina e caloteiro, o bacurin do Villa
- moderno laranjal cantante do reinado –
Desdobra uma promessa até tirar o caldo
Da sopa de piaba em nacos de tortilla.

Coturno se engraxa em cuspe de falsário
Na conta protelada em supra ad eternum –
Pelego que não paga e cobra voto, em inverno,
Mal sabe que herdará uma chapa de otário.

O bom desse chiqueiro é a raça que o habita –
Uns porcos comportados à sombra da patente
E uns servidores moucos – fêmeas sibaritas.

Mas, cabe mais desculpa ao bando puxa-saco:
- É que o calote nessa tropa é decorrente
De um erro de cálculo nas pedras do ábaco.


(F.N.A)

Guerra de Araque"


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...Revolta? Quarteladas? Esqueçam!!

...A coragem morreu no trato político! Dinheiro corrompe patente e sela boca de milico – desde o graudinho até o pó de mico!!


“Guerra de Araque”


Acordo todo dia e espio da janela,
Do quitinete escuro (o claustro em que sou monge),
Se as trompas do exército explodem a cancela
Num estampido seco de um tiro ao longe.

Espero, como virgem quer romper o cabaço,
O antro da balburdia de uns leões covardes;
Mas caio sem ouvir o tiro e a ponta de aço
Da morta quartelada em nossas mornas tardes.

Me frustro, e quem não se frustraria,
Com uma guarda inapta que não honra o código
De que bunda de guarda não cede à putaria.

E assim volto a dormir nas auroras do meu lítio –
Não há cão no quintal que ladre um urro lógico.
Há pelego demais pra um estado de sítio!!


(F.N.A)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

"Casca de Angico"


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...O mourão descansará e os feitores maneirarão nas mãos. Descanso, agora, a quem escolheu na vida uma profissão em que ter couro grosso significa muito – sangria de menos, resistência à taca.... perseverança.




"Casca de Angico"


O couro só aprende a levar taca,
Conforme a grossa tira do chicote
Não deixa, ao pelourinho, usar decote
O nego da senzala mais babaca.

De tanto que soubemos levar surra
Em todos os momentos desse banzo,
Agora sinto vir um breve descanso
Nos sonhos que abolem dessa curra.

Saibamos, cada um, ó meus amigos,
Buscar nesse filete que se escorre
De sangue, um aprendizado; não castigo!

Porque só leva chute quem incomoda
E somos essa raça que é um porre
E pode-se dizer que é muito FODA!!!


(F.N.A)

"O Passo de Jânio"


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...Não saber o que se quer é uma merda!


...Que se seja populista, seja-se!! Até mesmo anarquista??? Nem tanto!! Quem sabe ilusionista... Então, me engana que eu gosto!



“O Passo de Jânio”


Eu nunca que errei amarrar cadarço
Dos pares de sapato que usei,
Mesmo o calçado que no pé troquei,
Em todos lhes fazia enorme laço.

A moça sabe andar e em que valinha
Escura, nesse beco, habita o aço
Da ponta redentora de cabaços
E reside no perigo em andar sozinha.

De todos, até Jânio a se enrolar
Com a perna indecisa soube adiante
Seguir com sua vassoura o Mardi Gras.

Mas não lhes digo o mesmo de um amigo,
Que vai a beco sem lubrificante
E enrola seu cadarço no umbigo.


(F.N.A)

"Museu de Cera"


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...Esse é um soneto comemorativo. Faz parte do novo tempo midiático do regressável retrocesso rumo ao atraso!!



“Museu de Cera”


Não vou a Howards End igual ao ator
Que volta resgatando uma estória
Já morta em sentimento e viva em dor –
Cantiga de esquecidos na memória.

Não sirvo em desmontar minha cadeia
Na máquina do tempo em fast walking
Dos genes em viagem que incendeia
As rodas da cadeira de Stephen Hawking

Não volto, retrocedo, nem regrido;
Não rememoro amores na esteira
Da era de amores bem morridos.

Só retrocede quem vive de fachada,
Como bonecos num museu de cera
Que contam história de boca fechada.


(F.N.A)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"DC... Blérgh!!!"


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...Que saudade da época em que ser estudante era só cabular aula e xingar a polícia e não esse negócio em que se transformou o ofício. Mas, faz parte do processo!!


“DC... Blérgh!!!”


Eu penso em Plutarco e me remeto
À aura magnífica do desdém.
Naqueles dias, estudante era alguém
Que só colava e fornicava no coreto.

Daí, lhe enfiaram um lance obsoleto
- Discurso proletário, arresto de bem -
Que o bicho viciou em fazer panfleto
Cobrando bolsa-escola e pouco Enem.

O aluno atualíssimo não é hippie.
Só segue normativa estatutária
E encontro de balada no twitter.

É sério candidato a qualquer porra
Que renda agregação societária
Com cargo no palácio de Gomorra.


(F.N.A)

"Ribeirão & As Piabas"


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...De biênio em biênio, as águas ganham força. Temporárias, decerto, mas incômodas. Rio que seguia curso noutra margem, já segue nova rota em Mer du Prince...



“Ribeirão & As Piabas”


O caldo entornou e nem dá moqueca
Com o resto das piabas da panela.
Melhor engrossar o pirão com pó de vela
E o couro de uma alegre perereca.

Sentindo ouvir o choro da boneca,
Distante, aproximando, igual cadela,
Eu vejo nas piabas pondo sela
O rio pequenino que não seca.

Ribeira de banzeiro que se acaba
Em tombo de iolé, caiaque e prancha
Também acostumou a comer piaba;

E todas que lhe seguem o curso d’água
Afogam em eleição que não deslancha
Na lama de sua cara mal lavada.


(F.N.A)

"Garapas"


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...Não há nada errado. A brochura é massa, bem acabada, rica e informativa. Em suma, fofa. Eu é que sou chato, mesmo.


“Garapas”


Na série do otimismo, eu me insurjo
E estranho a força dessa high society
Que enfrenta o nó da forca, sem insight,
No arrocho dado em corda de marujo.

Foto nua? Eu só deleto em negociata.
E três colunas venderei por mil reais
A umas peruas que trabalham em estatais
E são madames Bovarys de longa data.

Não obstante, meu papel couché e fino
Não informará, senão, horóscopo e novela
Sem incomodar vossa lombriga ao intestino.

Uma garapa de revista... (antes não fosse!)
Mas, de amarga, basta a vida de donzela
Que se acostuma à solidão por ser cú doce.


(F.N.A)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

“Poliana e o Jogo da Sentença”


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...Eu invejo os otimistas! Mais ainda os otimistas cegos! E muito mais ainda os moucos de coração!!


O mundo lhes foge aos pés e estão ali... professorando inutilidades, liderando bancadas, cumprindo mandatos...


“Poliana e o Jogo da Sentença”


Alguém deu rupinol a essa pobre criatura,
Pois nada justifica tanto devaneio.
Ou injetaram tussiflex ao recheio
De seu miolo com parca investidura?

No jogo do Contente, nossa Poliana
Descobre, peremptória, sua utilidade:
De desdobrar ridículos em grande sumidade;
De transformar em Julius, célebre Banana.

Agora, a sonhadora estende seu delírio
Às custas de um reverso à soma do placar,
Que nem bom Mr. Rourke lhe porá colírio

À Ilha da Fantasia onde seu tesão respraia:
Um cisco de ministro infla e faz inchar
A vista de quem tem muita areia à cara.


(F.N.A)

"A Educação, Segundo Dimas"




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...Só há platéia, enquanto há diversão. Finda a diversão, adeus platéia!



“A Educação, segundo Dimas”


Me admira é um aculturado ostentar tese
De que “educação transpõe o discurso dialético
Da Arena". Mas, em sua legenda, há porco cético
Com sua recondução à diocese

Onde pleiteará um cargo teocrático –
Canonizado santo, reencarnará São Dimas
No cargo de ladrão, que chora morro acima,
Feito um burro a empacar seu linguajar estático.

“Nas escolas que ando, os partidos não vejo!
Quando muito, um tutor distribui meu santinho
E a merenda transformo em cestinha e gracejo!”

A fazenda de Dimas é essa pesada cruz –
Rouba a conta do ensino um imóvel vizinho
Que entende de aula, como ateu de Jesus.



(F.N.A)

"O Último Perdão"


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...Que não pensem que se rege o mundo sem que a força de Deus esteja presente!

(para Angélica)





“O Último Perdão”


Na peleja em que desprende o corpo inteiro
De Moisés (o que a Torá recebeu de seus lábios),
Miguel paira e arregimenta aos olhos sábios
O exército celeste que nos fará cordeiro,

Quando o dia chegar (Cristo as forças conduzindo) –
Com uma lança na mão e o pé sobre a cabeça
Do cão, surgirá São Miguel se expandindo
Sobre o céu relampeando pra que o Mal adormeça.

Mas quem é como Deus, meu senhor? A injustiça
Não lhe dá nada além do que ser mensageiro -
O que aos ínferos leva, à cobiça, punição.

Mas tu és São Miguel e serás a Justiça
Que derrotou o dragão, sendo Arcanjo Primeiro,
E dos homens arrancará derradeiro perdão.


(F.N.A)

"O Cão por Testemunha"


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...Rege-se a lei mediante a competência de quem a aplica. Então, como instância máxima, habilitada a punir, não lhe caberia competência na aplicabilidade da Lei?

...Me enoja a mentira calcada no vício de não se reconhecer que se está errado. Mas, ao olhar do psicopata, quem o convenceria de que as mortes que causa são erradas?

...Se eles julgam haver incompetência da lei sobre o que lhes pune, então eu julgo haver prazo demais a incompetentes, facilidades demais a ignorantes, leis demais a livrar bandidos de colarinho branco, vida mansa em demasia a quem não conjuga outros verbos que não sejam ROUBAR, MENTIR, PREVARICAR.


“O Cão por Testemunha”


Os ínferos caindo, o céu se levantando
Na prisca do universo ao dedo cheio
De Deus, movem-se ares em seu meio
Gnósico nos espaços, longe, gravitando.

É a construção arregimental do Aéon:
Estrelas implodindo, comendo-se Planetas,
Em si, sóis expandindo à órbita dos cometas
Dançando à estrutura angular do Pathernon.

No canto em que recolhe-se, um anjo espreita tudo -
Inveja, odeia, desdenha, pragueja, vocifera.
Reclama a si a obra do arranjo ao submundo.

“A incompetência do Senhor estraga o mundo!”
E o Pai, enaltecendo a graça sobre a esfera:
“Nem terra se assenta num poço sem fundo!”


II


No plano da Justiça desses Homens, onde
A lógica divina dispersa-se e apavora,
O entendimento leigo é um olhar por fora
Da coisa que não é e nem sequer se esconde.

O nosso entendimento é menos força rasa
E, dele, sei, regemos as leis desse compêndio,
Que se avilta álcool às chamas de um incêndio:
Se se adormece o fogo, reaviva a brasa.

Por isso é que o Cão, inveja e se escora
Na lei da Humanidade e não na Lei de Deus,
Quando o rastro da inveja lhe incomoda e apavora,

Como homens que buscam na mentira, um olhar
Que desdenha de juízos que não sejam seus
E só fitam a luz que lhes convêm enxergar.


(F.N.A)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Dormentes Viciados"


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...Como tudo nesta fazenda, até os trilhos são tortos, os dormentes viciados, a corrupção astronômica...


“Dormentes Viciados”


Ao custo de roubar contas correntes,
Banquei já muita festa nestes trilhos.
Eu lembro que, das putas, nobres filhos
Na graça, em um vagão, posavam às lentes.

O sapo mais sorria e outro contente
E mouco abobalhado era o marshmallow –
Enfim, seguiam as criaturas do castelo
Locomotivo nestes vãos ausentes.

“O fruto de um estado que avança
Nas curvas do caminho, presidente,
Fincamos nesta grande ferrovia!”

Agora, postas as contas na balança,
Se vê que o fruto desse incompetente
Aos cofres custará em engenharia.


(F.N.A)

"Golpe da Garça"


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...Expulsão? Ética? Decoro?
...Tem mais é que dar uma medalha pra esse cabra!!
...Quem sabe, até um título de cidadão honorário...
- Por que não?


“Golpe da Garça”


A hérnia cervical me faz penar,
Mas se pudesse também dava revide
Igual pulo da garça em karatê kid
No queixo desse burro parlamentar.

Mas foi alguém, por mim e pelo povo,
Que gosta de pancada em bodega
E em tela ensangüentada, dar resfrega
E tapa sem veludo em casca de ovo.

Daniel San, o parlamento é o tatame,
Mas podes infringir a pontuação
Conforme essa peleja estenda o liame

Daquilo que não pode se afrontar:
Mentir na cara dura à multidão
E comer puta na rua sem pagar.


(F.N.A)

"Cesta Básica Geral"



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...Feito na língua do povo, para o povo, somente para o povo e a favor do povo!! Sei...


“Cesta Básica Geral”


Perdi a luta pra uma cidade do Pará
Que alcunha o ser humano ideal
Pra esta grande empresa social
Que verga uma apatia de assustar.

Nem digo: um caipira é meu patrão
E um cara de bigode me esculacha.
Na gloriosa posição de quem se agacha,
Capricho pra borrar o meu calção.

Não basta uma cagada involuntária,
Na base imparcial (sem adjetivos)
Naquilo que achei ser causa vária.

Precisa-se de cesta e de aditivos
Que lembrem à nossa classe proletária
Que a quem tomavam a morto, está bem vivo!



(F.N.A)