terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

“Velho Índio do Uruguay”




“Eu conheci um velho índio do Uruguay, que fez e que faz coisas belas que branco não faz. Disse que o mar pára na areia; e disse que fome de amor é só amor o que serve de ceia.”


(Para ARNAUD in memorian)



“Velho Índio do Uruguay”



Ninguém soube cantar a própria dor
Com a forma tão elegante em estar sorrindo –
E lembro de escutar-lhe se esvaindo
Num disco de meu pai como um condor.

O velho índio que ele foi, em bruxarias
De versos livres amarrados com cipó,
Cumpriu-lhe a taba, como rei de Caicó
E afilhado de Lampião e suas Marias.

Arnaud teceu no riso rouco o próprio vulto
Da extensão da graça magra quando acalma
O furacão de si num mar absoluto.

Magro sorriso em rouca voz partiu canora –
Arnaud, o vento nas palmeiras leva a alma,
Só quando o Pai nos torna brisa, mundo afora...



(F.N.A)

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