segunda-feira, 9 de julho de 2012

“Futuro Cinza”






Tenho sonhos cruéis; n'alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

(Camilo Pessanha)






“Futuro Cinza”


Uma nuvem que paira, mais que eu permaneça
Em seu longo aspecto de monção traiçoeira,
Observando-lhe as sombras que sobre a Terra inteira
Ela alcança, pressinto: talvez não esmoreça,

Se morrer todo arrasto em quanta tempestade,
Que nas nuvens revoltas alastram plantações,
Vales, casas, celeiros, vidas, rios, cidades,
Essa, em igual vendaval, arrasa corações.

Sinto a brisa correr pelas ruas agora;
E, depois e mais tarde, enquanto avança ao alto,
O corcel nos tufões desmembrará em sua hora

A suspeita e a descrença sobre nossa cabeça.
Mas insiste a avançar ao nosso Amor, de assalto,
Essa nuvem que paira, mais que eu permaneça.


(F.N.A)

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