segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"Memória de Cabano"



...Minha saudade me leva a igarapés que bebi quando ainda eu era um índio sem tapera...


...Dedico este soneto ao poeta e amigo de versos, Luiz Martins.




"Memória de Cabano"


Dizia Claudia, e já vão lá uns tantos anos,
Que "dói no peito uma dor que não é pouca."
Sabia disso enamorado em sua voz rouca,
Quando crescia a juventude de meus danos.

Não levo mesmo muita coisa - só os ciganos
Jeitos de vida em minha vida sempre louca.
Deixar dizer tudo o que penso noutra boca
Seria amar com menos sonhos mais enganos.

Prefiro eu mesmo, eu gritar meu eu cabano
- Caboclo manso que o Pará pariu na terra -
Que muito erra, além da serra, o rio estranho

Que leva as dores de existir como um direito
De renegar essa semente onde a guerra
Desfez o índio que eu fui dentro do peito.


(F.N.A)

3 comentários:

LUIZ MARTINS DA SILVA disse...

Caríssimo. Gratíssimo. Sonetíssimo.

LUIZ MARTINS DA SILVA disse...

Gratíssimo. Não é todo dia que a gente amanhece com um soneto em homenagem.

Unknown disse...

Aceite com muita alegria o apreço humilde, professor. Fico honrado.

E vamos sonetar! Criar. Construir idéias.